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Tempo, tempo

Atualizado: 3 de abr.

Ainda assim, acredito

Ser possível reunirmo-nos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Num outro nível de vínculo

Tempo, tempo, tempo, tempo

(Oração ao Tempo – Caetano Veloso)


Tema complexo, cotidiano, profundo e morador das superfícies. Marca todas as perspectivas e ideias acerca da educação e dos processos formativos e persiste, na vivência do dia a dia, com suas facetas mais limitantes: precisamos medir adequadamente o tempo para não nos perdermos. É tarde! – diz em tom repetitivo e urgente o coelho da história da Alice. 


Diante do marcador-substância-porvir tempo... foi necessário solicitar ajuda ao poeta para iniciarmos uma conversa e o auxílio vem com força: a busca de nos reunirmos num outro nível de vínculo. Ah... como a gente quer firmar amizade com o tempo e existir sabendo que ele é uma entidade (deus para o poeta citado). 


Fácil de dizer. Um tanto difícil de fazer. Exige consciência dos equívocos e superação das referências aprendidas que buscam explorar o tempo e muito mais. No paradigma que só vê sentido no esgotamento do tempo, não há tempo para vermos como somos engolidos pela ideia de exploração. Nos entendendo exploradores, somos explorados.


Foi numa sexta, à noite, que Aya chegou em tempo-espaço para um lindo atravessamento sobre o compositor de destinos. Mario Omar, contador hoje da tradição oral, nos disse: uma diferença entre um contador contemporâneo e um contador da tradição oral tem a ver com o tempo. Um contador contemporâneo tem o tempo como limite, como controle de toda a ação, da escolha da narrativa à contação. O contador da tradição oral... vive... o... tempo... quase pode... vê-lo... (Ele dizia e marcava um ritmo calmo, pausado, com a mão estendida.)


Nos faltam recursos visuais para dizer aqui do chacoalhão que esta fala moveu. Ficaremos com ainda-bem-que-nos-encontramos com esse querido contador da tradição oral! Aya precisa viver, cotidianamente, em busca da superação dos efeitos do paradigma colonialista. Ainda bem que existem os encontros com os contadores da tradição oral. Lembramos do tanto que temos estimulado mediadoras-es de leitura a pensarem outros tempos possíveis para suas propostas de mediação. Nos conectamos com Nêgo Bispo, mestre da tradição, quando nos diz que o fim não existe. 


Neste encontro-contação, tudo começou com o contador cumprimentando cada um dos participantes da roda. Pode viver um tempo desse numa proposta pública? Pode. 😉





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